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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Quem Faz / Guilherme Marques 22/10/2011

Para os fãs do Voleibol de Praia, a noção de indivíduo é relativa. Nas arquibancadas, com o mar de moldura, a interação é completa. O sol e o sal misturam-se ao calor humano de milhares. Na areia, dois jogadores, mas apenas uma identidade. Para quem acompanhou o nascimento e desenvolvimento do esporte no Brasil, nas décadas de 1980 e 1990, Guilherme pode ser vários. Guilherme e Pará, só tem um.

Seis anos de parceria renderam a uma das duplas mais sólidas da história títulos e belas recordações. Foram protagonistas em um momento de inflexão, quando a inclusão no programa olímpico a partir de Atlanta 1996 fez do Voleibol de Praia um fenômeno mundo afora. Conquistaram o ouro no Campeonato Mundial de 1997, nos Estados Unidos, e no Circuito Mundial em 1998.

“Fui assistir aos Jogos de Atlanta 1996 como espectador, na arquibancada mesmo. Foi um momento marcante para o meu esporte. Em 1996, eu já era profissional há quatro anos. Para todos os profissionais do Voleibol de Praia, foram Jogos muito esperados”, lembra Guilherme, atualmente Coordenador de competição esportiva, uma das áreas funcionais da Diretoria de Esportes do Comitê Organizador Rio 2016.

Junto com o parceiro, não participou dos Jogos de Sydney 2000 por um triz. Terceira dupla no ranking brasileiro, apenas as duas primeiras tinham vagas asseguradas. Aposentou-se antes de Atenas 2004.

Fora das quadras, dentro dos Jogos

Se a experiência olímpica não foi possível dentro das quadras, fora delas o espírito continuou o mesmo. Comentarista de TV já em Sydney 2000, Guilherme Marques acompanhou o desenvolvimento do esporte na última década como um analista apaixonado. Não poderia imaginar que, após a vitória do Rio de Janeiro em 2 de outubro de 2009, teria a oportunidade de estrear nos Jogos como parte da organização.

“Nos últimos cinco anos, trabalhei com representação de equipamentos de ginástica importados. No dia da vitória, não achei que, naquele momento da minha vida, fosse ser tão impactado como fui um ano e meio depois (risos), quando cheguei ao Comitê. O impacto, na realidade, é generalizado. É um efeito cascata. Quem trabalha ou está envolvido com qualquer coisa relacionada a esporte, saúde de uma forma geral, sente o efeito da vitória de uma candidatura olímpica”, conta.

Há três meses no Comitê Organizador, o ex-atleta tem sob sua responsabilidade nove disciplinas, sendo seis olímpicas (Futebol, Voleibol, Voleibol de Praia, Rugby, Handebol e Tiro com Arco) e três paraolímpicas (Tiro com Arco, Voleibol sentado, Rugby em cadeira de rodas). Sua função é ser um ponto de referência tanto para os clientes externos quanto para a força de trabalho do Comitê, em termos de planejamento e informações.

Com Guilherme, são seis os coordenadores responsáveis pelos 28 esportes olímpicos e 22 paraolímpicos. Em uma fase posterior, cada esporte terá seu próprio gerente. Todo esse aparato fica sob a liderança do medalhista olímpico Ricardo Prado na área funcional de Competição Esportiva, sob os olhos do Diretor de Esportes, Agberto Guimarães.

Previsão de chineses no topo

Se a carreira profissional de atleta foi permeada pela rivalidade entre as duas maiores potências do Voleibol de Praia, Brasil e Estados Unidos, a nova fase de vida parece trazer novas perspectivas. Um mundo novo se apresenta também na areia.

“O trabalho que a China fez para Pequim 2008 está dando frutos até agora, tanto no masculino quanto no feminino. Entre as mulheres, tem uma dupla entre as três primeiras no ranking mundial. Nos homens, tem uma entre as cinco. Isso é inédito. E são jogadores altos, algo que nunca foi do perfil dos asiáticos. Com apoio e uma estrutura por trás deles, que hoje existe, definitivamente esses caras vão perturbar todo mundo”, analisa Guilherme.

Precursor no Voleibol de Praia brasileiro, a vez é de colocar o nome em outra história. Nos primeiro Jogos Olímpicos e Paraolímpicos da América do Sul, ele coordenará o Rugby, estreante como o seu esporte em Atlanta 1996. O significado da entrada no movimento olímpico é mais do que conhecido. As dificuldades, também. No Rio 2016, porém, cercado de profissionais de primeira e de fãs, mais uma vez um dos maiores duplistas das areias não estará sozinho.

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