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sábado, 5 de novembro de 2011

Guadalajara 2011 Da coleta de lixo ao esporte, Sonolei Rocha é ouro na maratona em Guadalajara 30.10.2011 :: 19h25


Durante os Jogos Pan-americanos Rio 2007, Solonei Rocha corria atrás de caminhões de lixo, carregando sacos pela ruas de Penápolis, no interior de São Paulo. Dia sim e dia não, a coleta durava em média três a quatro horas e ele percorria 20 a 25 quilômetros por sessão. O trabalho de corrida começaria a ser esculpido dois anos depois, quando virou atleta profissional e começou a treinar provas de 10.000m. Apenas no ano passado, Solonei decidiu tentar a sorte na prova mais tradicional do atletismo. Neste sábado, a ascensão fulminante do ex-lixeiro ganhou o seu ponto mais alto: com uma corrida impecável, em que liderou desde o décimo quilômetro e não foi ameaçado nenhuma vez, Solonei venceu a maratona dos Jogos Pan-americanos Guadalajara 2011, com o tempo de 2h16m37s, e garantiu a quarta vitória consecutiva do país na prova dos Jogos.

Foi apenas a terceira maratona que Solonei correu em sua vida. A estreia foi em Porto Alegre, em abril de 2010, e logo com uma vitória. Neste ano, correu em Padova, na Itália, e nos últimos quatro meses passou a se preparar para o Pan de Guadalajara. Passou dois meses treinando na altitude - um em Paiva, na Colômbia, e outro em San Luís de Potosí, já no México. A estratégia mostrou-se acertada na maratona: na chegada, com 35 segundos de distância para o segundo colocado e uma bandeira do Brasil na mão, Solonei encontrou fôlego para sambar freneticamente, frente à arquibancada de eufóricos mexicanos.

"Se você tem potencial e acredita nele, corra atrás dos seus sonhos. Se alguém me dissesse, há quatro anos, que eu seria um campeão pan-americano, diria que essa pessoa estava louca. Bem louca. Mas tive a chance e fui atrás. Tenho muito orgulho da minha história", afirmou Solonei, antes de dedicar a medalha de ouro a todos os colegas que correram e coletaram lixo junto com ele.

A mudança de rumo em sua vida não se limitou às pistas. Nos últimos dois anos, Solonei aproveitou a oportunidade para cursar um supletivo e terminar o ensino médio. No horizonte tem agora uma faculdade de educação física. Depois que completar 40 - hoje está com 29 anos -, quer ajudar no desenvolvimento de novos atletas nas categorias de base. "O atletismo abriu a minha mente. Antes, era uma pessoa acomodada", disse.

Nas pistas, Solonei quer ainda mais. Para 2012, sonha com os Jogos Olímpicos de Londres. Terá duas chances para conseguir o índice - no Japão, em janeiro, e em Londres, em abril. "Não imaginava conseguir o índice aqui por conta do calor e da altitude. Mas creio que não terei grandes dificuldades de conseguir o índice dentro das condições ideais, num clima mais frio e ao nível do mar", afirmou, confiante, em continuar sua trajetória fulminante.

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