Os números não chegam nem perto de uma escola de samba, mas os mil corredores-foliões que colocaram o pé na Avenida Marquês de Sapucaí no domingo, 12 de fevereiro de 2012, ganharam nota 10 no quesito alegria. Eles participaram do evento “Corre aí na Sapucaí”, uma prova de 5 km organizada pela Prefeitura do Rio para marcar a nova fase do Sambódromo, que vai receber a chegada da maratona nos Jogos Olímpicos da cidade em 2016 – além das provas de tiro com arco.
Às 16h30, os participantes estavam a postos em frente à arquibancada do Setor 2 da nova Passarela do Samba para a largada. Entre os foliões, atletas de ponta, como o maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima e o ex-jogador de vôlei Tande. E foi justamente no Setor 2 que o Novo Sambódromo foi oficialmente aberto, com a apresentação de um painel de agradecimento feito em mosaico, assinado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, autor do projeto original do Sambódromo.
Com a inauguração, a passarela fica pronto para o Desfile das Escolas de Samba de 2012. Diferentemente dos outros anos, a estrutura com novos módulos de camarotes e arquibancadas, semelhantes aos existentes nos setores ímpares, é capaz de acomodar agora 72.500 espectadores, 12.500 a mais que no passado.
As obras, que custaram cerca de R$ 30 milhões, exigiram a dedicação de quase 600 operários, que revezaram em turnos para manter o canteiro funcionando 24 horas por dia. Além da construção das novas estruturas, todas as já existentes foram reformadas e receberam pintura especial para garantir a unidade visual da passarela.
A ampliação já inspira quem pretende competir em 2016: – O espaço aqui é muito propício para o esporte, com estrutura e arquibancadas montadas. Poder conhecer isso antes é muito bom – analisa a escolha da passarela o atleta Fabio Emilio, da Equipe Olímpica Brasileira de Tiro com Arco, que foi conferir as obras na Sapucaí.
– No Pan do México a torcida girava em torno de 15 mil pessoas, e isso era muito bom. Acho que é uma situação que nós vamos conseguir reproduzir aqui no Sambódromo. Isso é muita coisa, ainda mais para a gente, que não está acostumado a lidar com tanto público. Mas eu acho que aqui vai ser diferente, a gente vai fazer uma boa bagunça – sonha Fabio Emilio, tetracampeão brasileiro na categoria indoor.
As mudanças que impressionaram arqueiros já mexem também com a cabeça de quem está a poucos dias de cruzar a Passarela em busca de outro campeonato: o do Desfile das Escolas de Samba do Grupo Especial. E foi por isso que integrantes da Renascer de Jacarepaguá, debutante na elite do Carnaval e primeira escola a desfilar no domingo, resolveram conhecer as novas instalações.
Além de permitir que mais pessoas assistam ao espetáculo, o fim do edifício de três andares de camarotes deixou o ambiente mais arejado para os foliões e deve contribuir para a melhora na qualidade do som tanto das baterias das escolas quanto da voz dos intérpretes.
– Como mestre de bateria, acho que as mudanças vão influenciar positivamente o som das escolas. Além disso, vai ser bom para todo mundo, inclusive para o público, que vai ter mais comodidade. Eu acho que a gente vai ter mais calor humano, o que vai contribuir para um belo espetáculo – avalia Mestre Paulão, que comanda a bateria da Renascer.
Quem também demonstra empolgação com o Novo Sambódromo é o intérprete Rogerinho Renascer: – Eu passo aqui desde garoto. São 18 ou 19 anos como cantor aqui na avenida. Como pessoa que acompanhou isso aqui nascer, fico muito feliz de poder estar aqui para ver as novas formas do Sambódromo.
Seja do samba, seja do esporte, o importante é que o Novo Sambódromo deverá emocionar muita gente nas arquibancadas e na pista, como o gaúcho Luiz Gustavo Trainini, arqueiro da equipe brasileira que esteve em Pequim, na China.
– São as primeiras Olimpíadas da América do Sul. Competindo ou não no evento, nós vamos estar aqui na torcida, dando apoio e batendo no peito, para dizer que conseguimos realizar belos Jogos – promete.
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