09 de abril de 2012 Parque dos Atletas conquista a simpatia dos cariocas

Quando o pastor Sergio Valença viu pela primeira vez o Parque dos Atletas, na Barra da Tijuca, não imaginava que através dele poderia realizar um sonho. Era época da construção, e Sergio, que mora a poucos metros da mais nova área de lazer da cidade, acreditava que o novo espaço seria erguido apenas para a realização de grandes eventos, como o Rock in Rio 2011.

– Eu sempre tive um sonho de criança que era jogar tênis, mas nunca pude. Na verdade, para a gente que vem de comunidades menos assistidas, o tênis ainda é um esporte de elite. E uma das coisas legais aqui é isso: o parque proporcionar o tênis para pessoas que não tiveram a oportunidade. Agora eu estou com 42 anos e posso praticar o esporte com a minha família – comenta feliz o pastor.

O pastor não é o único que mostra o sorriso no rosto ao falar do Parque. A imagem de centenas de pessoas satisfeitas com a prática de esportes é agora comum ao dia a dia do espaço, que ganhou quadras, brinquedos para recreação de crianças, uma pista de corrida de 1.420 metros e duas academias, uma de musculação, outra da terceira idade.

– A minha atividade física era caminhar em volta do Rio Centro. Agora eu venho para cá. Muita gente pensava que o espaço ia ficar inútil depois do Rock in Rio. Mas aí veio toda essa infraestrutura. Agora, vem gente do Recreio, de Vargem Grande, de Vargem Pequena, todos para fazer os exercícios físicos que nós não tínhamos – comemora o aposentado Ubirajara Maia.

Com pouco mais de um mês de funcionamento – o Parque inaugurado em agosto de 2011 foi aberto ao público no dia 7 de março, durante uma visita de representantes do COI à cidade – a área mostra que foi criada com vocação para o esporte. De segunda a sexta, professores contratados pela prefeitura dão aulas em modalidade como tênis, vôlei, basquete, futebol society, handebol e musculação.

– Nas duas primeiras semanas, a gente teve uma procura enorme de pessoas para a academia. Tivemos que fazer até uma fila de espera para conseguir dar um atendimento de qualidade. E agora a gente conseguiu montar os horários para atender um número maior de pessoas – explica a professora responsável pelas aulas de musculação Michela Vicente, mineira que adotou o Rio há 15 anos como casa e local de trabalho.

A sensação entre os frequentadores do Parque dos Atletas é de que as Olimpíadas do Rio já estão mexendo com a cabeça do carioca, mesmo quatro anos antes do evento, que começa no dia 5 de agosto de 2016. Para eles, o evento será capaz de influenciar muito a forma como a população enxerga a cidade, usa e se apropria de seus espaços.

– A prática esportiva, seja profissional ou não, muda a cabeça das pessoas, muda o trato nas relações. O esporte coletivo ensina muito, dá muita sociabilidade. Eu fico muito orgulhoso de fazer parte de uma cidade que vai receber tantos atletas e que vai passar a ter uma cultura esportiva depois de tudo isso – complementa o pastor Sergio Valença.

A percepção do pastor Sergio e de outros frequentadores não difere da opinião de profissionais do esporte, que veem no futuro do Rio um legado muito além das obras. Para eles, a forma como o povo vai conduzir a preparação para as Olimpíadas influenciará até na imagem externa do carioca.

- Todo carioca tem um orgulho natural da cidade, que é maravilhosa mesmo. Mas acho que (o movimento olímpico) traz o orgulho profissional, das coisas que estão sendo oferecidas, que estão sendo feitas e de como estão sendo feitas. E principalmente do legado que isso vai trazer para a cidade em termos financeiros e de saúde para a população – conclui Michela.