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quarta-feira, 28 de março de 2012

Voleibol Musa Jaqueline relembra momentos ruins da carreira: ‘Eu tombo e levanto’

Jogadora do Osasco recebeu a comentarista Leila em sua casa e falou sobre os problemas que enfrentou no passado, vida pessoal e trajetória no vôlei

Musa das quadras e uma das estrelas do vôlei nacional, Jaqueline recebeu em sua casa a comentarista da TV Globo Leila Barros para um bate-papo. A ponteira do Osasco falou sobre os problemas do passado, que a mantiveram afastada do esporte, vida pessoal e carreira. A jogadora teve um começo difícil ao ter que se distanciar da família para conseguir um espaço como atleta, mas hoje ela se sente realizada com tudo o que conquistou. Ela revela que os problemas superados serviram como um grande aprendizado.

- Eu me sinto mais que realizada. Tenho um marido lindo, melhor do mundo, família maravilhosa, amigos, fãs. O que eu quero mais? Tudo o que eu já passei foi um aprendizado, agora quero viver, ser feliz e enquanto eu puder jogar bola eu vou jogar – disse a pernambucana.

A infância de Jaqueline não foi fácil. O pai era um pouco afastado e a mãe teve que cuidar de duas meninas sozinhas. Mas ela não guarda mágoas do caminho que o pai escolheu. A irmã foi seu grande incentivo no esporte. Jaqueline começou a se interessar pelo vôlei quando a irmã foi participar de um torneio.

- Eu queria conquistar uma vaga em uma escola particular e eu passei no primeiro teste. O professor falou que eu tinha todo o jeito. Fui chamada para jogar no Sport Club Recife. Minha mãe confiou no Moretto. Hoje sou o que sou porque fui muito corajosa – lembrou a atleta.

Deixar a mãe e a irmã não foi tarefa fácil. Mas problemas maiores ainda estavam por vir. A ascensão de Jaqueline no vôlei se deu rapidamente. Em 2001, aos 17 anos, ela foi campeã mundial com a seleção juvenil e eleita a melhor jogadora. Não demorou muito até receber o convite para a seleção adulta. No mesmo ano, Jaqueline já estava jogando ao lado dos seus grandes ídolos.

- Foi tudo muito rápido. Eu não estava acreditando em tudo o que estava acontecendo comigo. Fui campeã mundial e logo recebi o convite para a adulta. Não acreditava. Pude aprender muita coisa e de uma forma diferente. Tive essa oportunidade muita nova. Foi um marco na minha vida. Uma oportunidade única – contou a jogadora.

Superações

Jaqueline vivia uma fase maravilhosa com a carreira deslanchando até que começou a sentir dores. Ela estava com complicações na circulação sanguinea. Aos 17 anos, descobriu que estava com trombose.

- Eu estava em uma fase maravilhosa e isso foi um baque. O pior foi ter que ouvir do médico que eu ia ter que parar com o vôlei. Foi quando eu vim para São Paulo e fiquei 15 dias internada. Eu tomava injeção na veia, não tinha mais espaço no braço. Mas eu tive amigos e familiares que me deram força – lembrou Jaqueline.

Três meses depois, a atleta teve que enfrentar um rompimento no ligamento do joelho e mais. Foram três lesões em dois anos, o que a levou a se afastar do seu esporte favorito.

- Costumo falar que na minha vida eu tombo e levanto. Sempre tem uma pedrinha. Mas quando eu levanto, levanto melhor e mais forte. No passado, eu não imaginava que eu poderia me reerguer como me reergui. Dei a volta por cima e sabia que outras coisas aconteceriam na minha vida, mas que nada me derrubaria tão fácil – disse a ponteira.

Outro episódio marcante e complicado na vida de Jaqueline foi quando ela foi pega no exame anti-doping. Na época, a atleta estava na Itália e tomava CLA, que a ajudava com a musculatura e o rendimento. A jogadora disse não saber que estava tomando sibutramina, substância proibida para atletas. Ela poderia ter ficado parada por dois anos, mas conseguiu provar a sua inocência e acabou se afastando por três meses.

As dificudades não pararam por aí. Jaqueline também passou por uma gestação interrompida e se emocionou ao falar do assunto.

- Não foi fácil, a gente sabe a dificuldade de formar uma família. Quando recebi a notícia de que estava grávida, eu pude ser mãe por pouco tempo. Mas bastou para eu poder realizar um pouco do que é ser mãe. Quando soube que tinha perdido foi um baque que não desejo a ninguém. Recebi mensagem de muita gente. Sou muito nova e vou formar a minha família no futuro. As coisas não acontecem à toa. Era para eu estar aqui hoje jogando – disse a atleta.

No ano passado, Jaqueline passou por mais uma recuperação. Brasil jogava contra a República Dominicana. No começo do segundo set, ela se chocou com a líbero Fabi e saiu das quadras de maca, imobilizada devido a pancada na cabeça.

- Com a pancada, eu senti uma dormência no corpo e não sentia nada do pescoço pra baixo. O Zé tentava que eu levantasse o braço e eu não conseguia. Vi que realmente não estava mexendo nada. Eu tive medo porque quando eu estava a caminho do hospital os médicos não estavam com uma cara boa. Quando eu estava chegando no hospital, mexi o dedão do pé. Falei que estava mexendo e o doutor disse graças à Deus, vai dar tudo certo.

Jaqueline e Murilo

Mesmo com tudo isso, Jaqueline não deixa de ser uma mulher de sorte. Ela é a musa das quadras de vôlei, umas das melhores jogadoras do país e ainda é casada com Murilo, o melhor jogador do mundo. Ela contou que no início do relacionamento, Murilo chegou a pedir permissão para a mãe dela para que eles pudessem namorar. Ela revelou ainda que o casal tem uma rotina bem caseira.

- Não fazemos nada. Somos dois velhos. Jogamos video game, fazemos pipoca, assistimos filmes, jantarzinho. Assim é a nossa vida. Vinho para dar uma relaxada. Eu era mais agitada mas aprendi a ser mais tranqüila com o Murilo – contou a pernambucana.

Rumo à final da Superliga

A carreira da atleta é marcada por episódios dramáticos. Mas o talento e a força de Jaqueline sempre falam mais alto. Hoje, ela se sente realizada com as conquistas e feliz por ter superado todos os problemas. No último sábado, a sua equipe, o Osasco, venceu o Minas no 1º jogo da semifinal da Superliga e avançou na briga por uma vaga na final da competição.

- Trabalhamos muito. O começo foi difícil porque estávamos sem a Hooker, que voltou em janeiro. A Tandara cresceu. O grupo está muito confiante. Chegamos e temos que fazer a nossa parte. Vou forte. Confio no meu grupo – disse Jaqueline.

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