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segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
Cartão Virtual de Boas Festas da Kurdana/Cotia (SP)
Por: Ricardo Silva
Esse foi o nosso último gol no ano.
Um gol de Aline Lum, de pênalti.
Sabem o que ele representa?
Representa um clube guerreiro.
Um clube que começou do zero.
Com o desejo e o sonho de duas ou três pessoas.
Que ia para os jogos com cinco jogadoras.
Que fazia "vaquinha" para pagar arbitragem.
Que incomodava todo mundo ao desafiar gigantes. Vencia e ia longe.
Que tinha tudo para desistir.
Afinal, clubes bem mais fortes, com dinheiro e títulos pararam. Porque aquele clube de uma cidade incrustada na Raposo Tavares tinha que continuar?
Sem estrelas, sem recursos.
Pois ele continuou.
E cresceu.
Continuou a derrotar os gigantes. Conseguiu seus recursos, cumpriu seu compromissos.
Ganhava muitos jogos, empatava algumas vezes. E perdia também, claro. Quem está numa competição é sujeito a derrotas.
Só que nunca desistia.
Sempre lutando. Teimoso.
Eram poucas meninas, uma técnica louca e um apaixonado do futsal tão louco quanto.
Hoje, é tanta gente que até os que começaram se assustam.
E não para de vir gente. Gente de perto e de longe. Do norte e do sul.
Que vem e veste a camisa vermelha, de guerreira.
Que vem e veste a camisa azul, da realeza.
Mas são rainhas sem a coroa.
Nem precisam da coroa.
Feliz da rainha sem coroa, pois ninguém pode roubá-la. É uma coroa imaterial.
Que só usa quem entende a força do nome. KURDANA. Um nome diferente, para um clube diferente, uma equipe diferente.
Que soa com a força de um trovão. Que pode ser ouvido em vários cantos.
Um clube que amplia horizontes. Que acredita nas pessoas, formando-as.
Que começou com a bola no pé, na quadra. Que calça a chuteira e vai para o campo. Que usa as mãos para vencer redes e bloqueios.
Que conquista, que cresce.
Que leva o nome de sua cidade para o Estado. Para o Brasil. E até para o mundo.
Que, mesmo perdendo, insiste em buscar a virada.
Que, mesmo com o tempo acabando, incomoda no ataque, mostrando que a vitória vem da persistência.
Que ela pode não vir hoje, mas virá para aquele que trabalha e luta.
Afinal, a vida é tão indigna. Trabalhamos tanto e, quando estamos perto do fim, não temos tantas posses e mal temos saúde.
Mas, no esporte é diferente. Aqui, vence quem trabalha.
Vence quem teve coragem de perder e ser último lugar.
Sim, pois o começo é doloroso. Como um parto. Quem mal sabe andar, fatalmente cai.
Mas cresce. Aparece. E vence.
É quando o último se torna primeiro.
E, se cai do primeiro, o negócio é continuar trabalhando.
Para estar perto do topo, e assim voltar logo.
Algo que só é possível para quem não deixar de lutar.
Pr'aqueles que, com torcida contra e placar bem adverso, insistem em buscar algo.
Mais fácil se entregar, não?
JAMAIS!
Sim, um gol. Um solitário gol.
Fruto do esforço de meninas insistentes.
Uma delas, que chegou durante a jornada, mas atazanou a defesa adversária até conseguir um pênalti.
Pênalti cobrado por uma estrela.
Mas, a Kurdana não era o "time sem estrelas"?
Só que, caro leitor/internauta, você sabe como nascem as estrelas?
Elas nascem de imensas nuvens de gás e poeira cósmica. Ou seja, de um "nada". Que se contrai, esquenta e se divide.
E estrelas raramente se formam sozinhas. Elas se formam quase sempre em grupos.
Ou seja, de onde saiu uma, podem sair várias.
E o que é a Kurdana senão isso? Meninas humildes, que vieram do nada e que encontraram no futsal uma caminho para a evolução.
Para brilhar.
Assim como essa nossa estrela, que veio de uma cidade do lado. De um professor que queria vê-la crescer. Que o clube abraçou, formou - não só como atleta, mas como pessoa.
Essa nossa estrela que encanta quem a vê jogar. Que muitos querem levar.
Que é humilde de coração. Que não se formou sozinha.
Que bateu o pênalti com perfeição, como se o jogo estivesse zero a zero. Ou como se fosse o gol de empate.
Era um gol de honra. E honra mesmo!
Um gol digno.
Mas o futsal, assim como o futebol, não se faz só do que acontece no lance. É feito do antes, do durante e do depois.
Pois ela colocou a bola embaixo do braço e levou até o centro.
O time estava três gols atrás. Só faltavam sete minutos.
Todos sabiam que a virada era muito difícil. Até ela...
Só o esporte é o lugar de quem faz o impossível virar realidade.
E há três maneiras de conseguir isso: TENTAR, LUTAR e NUNCA DESISTIR.
Claro que, naquela tarde úmida de domingo, nao foi possível.
Mas, para saber se realmente não é possível, e necessário fazer essas três coisas.
Fazendo sua parte no grande campo da batalha esportiva.
O impossível nasceu de outras vezes em que a bola foi carregada embaixo do braço.
O resultado não veio, mas o símbolo ficou. Incrustado no coração dos que estavam lá, acompanhando a equipe.
De uma equipe que pode terminar o campeonato de peito empinado. Sabendo que perdeu em pé. Que caiu de pé. Que caiu com dignidade, sem abrir mão da busca.
Que vai para 2012 com o mesmo espírito. Que sempre teve - e sempre terá.
O mesmo espírito guerreiro.
Que até há em outros clubes.
Mas faltam em muitos do futsal, que desistem na primeira dificuldade e não prosseguem na história.
Por isso que a Kurdana é diferente.
Desde os loucos que começaram, já se passou uma década.
Clubes vieram, clubes deixaram de existir.
A Kurdana continuou.
Buscando o impossível. E conseguindo.
E voos mais altos alçará. Estejam certos disso.
A bola embaixo do braço hoje resultará nas vitórias de amanhã.
Mais que títulos, a vitória de quem pode colocar a cabeça no travesseiro e dizer tranquilamente: "Eu lutei!"
Pois maior que a dor da derrota, é a vergonha de não ter lutado.
Isso passa longe da Kurdana.
Não há limites para o trabalho dessas meninas.
E nem dos meninos também.
E, em 2012, todas e todos estarão pelas quadras e campos do Brasil, mostrando a "cara" guerreira do clube.
Buscando conquistas cada vez maiores. Agregando mais pessoas guerreiras.
E sempre, sempre, sempre lutando.
Afinal, o menino humilde que nasceu há mais de dois mil anos, nunca desistiu do seu propósito. É, para aqueles que nele acreditam, o maior dos exemplos.
Ele, que guerreou com paz num período de tantas guerras.
E no esporte, lutamos numa guerra, mas com armas pacíficas.
É onde precisamos do nosso adversário bem e forte, para que a disputa seja bela e inesquecível. Só existimos porque o outro existe.
E lutando pacificamente, assim como aquele menino, chegamos ao fim de mais uma temporada.
A todas e todos que nos acompanharam nesta jornada: aproveitem esse período de virada para se renovarem.
E curtam com as pessoas que vocês mais amam.
Estaremos juntos por mais 12 meses. Podem confiar.
Um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo!
Contato:
(11) 8375 0391
www.acekurdana.com.br
Twitter: @kurdanacotia
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