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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Fifa teme que polêmica complique negociações finais da Copa do Mundo no Brasil 15 de outubro de 2011 | 15h 47

Funcionário da Fifa afimrou, em anonimato, que história veio no 'pior momento'

Jamil Chade, correspondente em Genebra

Alguns dos principais funcionários da Fifa temem que a nova polêmica que supostamente envolve o ministro do Esporte, Orlando Silva, complique de vez as negociações finais sobre o formato da Copa do Mundo no Brasil. A revelação feita pela revista Veja sobre a susposta corrupção envolvendo o ministro eclodiu no pior momento possível para a Fifa, que neste sábado mesmo já foi informada do caso. A partir de domingo, 16, uma delegação brasileira de peso desembarca em Zurique para iniciar os trâmites finais para a decisão sobre os locais de jogos, legislações e relação entre poder público, CBF e Fifa.

“Verdade ou mentira, essa história não poderia ter vindo em pior momento”, afirmou ao Estado um alto funcionário da cúpula da Fifa, que pediu anonimato. “Se já estávamos preocupados com o andar do processo, agora o cenário pode ser ainda mais difícil”, disse.

O temor da Fifa, que também enfrenta polêmicas internas de corrupção, é de que todas as decisões que estão pendentes do governo acabem sendo adiadas diante da fragilização do principal interlocutor entre o Palácio do Planalto e Zurique, o próprio Ministério do Esporte.

Nas últimas semanas, os diversos escândalos de corrupção no governo já haviam sido alvo de comentários e preocupações dentro da Fifa. A cúpula da entidade alerta que não tem qualquer posição sobre a veracidade das denúncias e insiste que "todos são inocentes até que se prove o contrário". Mas o que a entidade teme é que o assunto crie distúrbios em relação ao trabalho que deve ser feito.

Há poucos dias, o secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, criticou os organizadores brasileiros. Em um evento em Moscou, pediu que os russos “não repitam” os erros do Brasil ao organizar a Copa de 2018.

Na terça-feira, em Zurique, o comitê da Fifa encarregado da Copa de 2014 se reúne para chancelar decisões críticas sobre os locais das partidas, estádios e local de abertura do Mundial. O anúncio oficial será divulgado no final da semana. Nos bastidores, uma série de compromissos legais entre o Brasil e a entidade serão alvo de negociações.

Há duas semanas, a presidente Dilma Rousseff esteve reunida com Valcke, em Bruxelas. Na ocasião, ficou estabelecido que o projeto da Lei Geral da Copa seria modificado. No formato que estava, a Fifa estimava que perderia até US$ 1 bilhão em renda com ingressos, patrocinadores e contratos comerciais.

Dilma aceitou fazer algumas mudanças, reduzindo os prejuizos da Fifa. Mas bateu o pé em uma série de assuntos, como a meia-entrada para idosos. Nesta semana, advogados e negociadores tentariam aproximar as posições, com a esperança de que, depois do anúncio das cidades sedes, a Fifa pudesse finalmente revelar a patrocinadores e empresas envolvidas no evento o formato final da Copa. Com o novo escândalo, a preocupação da Fifa é de que essa negociação fique em segundo plano.

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