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sábado, 7 de maio de 2011

Liga Futsal Feminina: entenda o desempenho da Kurdana/Cotia na mais difícil competição do Brasil

Texto e fotos: Ricardo Silva
 
A competição mais difícil em nível nacional, com características únicas. A Liga Futsal Feminina é a referência para a modalidade no Brasil. Um bom desempenho nela rende convocações para a Seleção Brasileira. Esses e outros fatores devem ser entendidos ao avaliar a performance de uma equipe iniciante, mesmo sendo a atual campeã paulista, a Kurdana/Cotia.
 
As cotianas fizeram sua primeira participação neste ano de 2011. Na Fase de Classificação, marcaram uma vitória, um empate e três derrotas, jogando no Grupo B em Caçador (SC). Terminaram como quinto lugar da chave, ficando de fora das quartas de finais em função do saldo de gols (empatou em quatro pontos com a catarinense ADJ/Jaraguá). Na classificação geral, ficou em 9º lugar entre 12 equipes disputantes.
 
O resultado, entretanto, não pode ser visto apenas pela ótica dos números frios. Segundo a técnica Andressa de Azevedo, a dificuldade era esperada: "Sabíamos que enfrentaríamos times de alto nível. Somos sim as atuais campeãs paulistas, mas não basta chegar com uma importante conquista para ir bem na Liga. É preciso experiência nesse tipo de competição - o que virá com o tempo e o trabalho".
 
Andressa fez questão de lembrar o nível da Liga: "Nela temos nada menos do que a atual tricampeã, a UnoChapecó (SC), que, como se não bastasse, é também bicampeã do mundo e possui todos os títulos nacionais e estaduais possíveis no futsal feminino. Na nossa chave, tinha o Kindermann, que era sediante. Antes de Chapecó ser a principal força, o Kindermann que mandava no cenário nacional, tendo inclusive vencido a Liga em 2007 e vindo de um vice-campeonato no ano passado - fora as duas Taças Brasil Adulta que eles possuem. E a Unesc/Criciúma (SC) é uma equipe de tradição também, semifinalista das três últimas edições".
 
E, sobre o Kindermann, Andressa faz um desabafo: "É fácil criticar o fato de tomarmos 7 a 0. Mas era a nossa estreia na Liga, diante de uma equipe muito forte. Eles possuem a artilheira do último ano (Marcela) além da pivô Luciléia, que já foi artilheira de várias competições pela Seleção Brasileira. Um 7 a 0 no futsal não é o fim do mundo: quando você encara um time forte e rápido, sofre várias chances de gol, aumentando a possibilidade de goleada. Apostamos em enfrentar de igual para igual, mas pesou a experiência do adversário".
 
Para não parecer exagero, a pivô da equipe de Caçador foi nada menos do que artilheira dos dois Mundiais Universitários de futsal feminino já realizados (2008 e 2010), ambos vencidos pelo Brasil. Além disso, foi a matadora do último Sul-Americano, realizado em 2009 na cidade de Campinas. Um detalhe sobre o Sul-Americano: o Brasil já venceu os três realizados. E na Liga, faturou a artilharia por três vezes seguidas (2007, 08 e 09).
 
* Aqui só tem fera!
 
E falando em Seleção canarinha, a competição é realmente a referência. O Brasil venceu, em dezembro último, o Torneio Mundial de Seleções de futsal feminino, disputado em Portugal, sagrando-se o primeiro campeão da história da modalidade. Das 14 atletas comandadas por Vander Iacovino, 12 jogaram a Liga Futsal de 2010. As outras duas chamadas jogavam a Liga Espanhola.
 
A Kurdana enfrentou quatro delas. No Kindermann, Luciléia e Marcela. Na Unesc, a fixa Taty e a ala Gaby. Para aumentar mais a dificuldade, a equipe de Criciúma trouxe dois reforços que sempre foram chamados para as Seleções nacionais: a fixa Faby (bicampeã Sul-Americana, em 2007 e 09) e a ala Ariane (campeã mundial universitária em 2008). Para completar, a pivô Greice é outra campeã mundial universitária na Unesc (2010).
 
Fora o que estava na outra chave. No Grupo A, mais seis convocadas do I Torneio Mundial, distribuídas entre UnoChapecó, Palmeiras/Barueri (SP) e Nacional Gás/Unifor (CE). Não há dúvidas: a Liga reúne o alto nível do futsal nacional. Qualquer descuido pode ser fatal. Só o fato de estar nela deve e muito ser comemorado: aqui, só joga a elite, e a Kurdana tem uma vaga permanente.
 
* Liga: encantadora, com sua lógica peculiar
 
Agora, os resultados. Não é apenas Cotia que, mesmo com potencial, já sofreu com uma participação difícil. Na Liga de 2009, a Unopar/Londrina (PR) possuía a equipe vice-campeã da Taça Brasil Adulta daquele ano, inclusive com atletas de Seleção Brasileira. Pois bem, numa chave com cinco equipes, ficou em quinto lugar e não foi às quartas de finais. Licenciada deste ano, as londrinenses venceram a edição de 2006 da competição, mas passaram por um terrível dissabor na final de 2007: sofreram 7 a 0 do Kindermann, em Caçador. Ou seja, o mesmo placar aplicado em cima da Kurdana, só que numa final.
 
Outro clube tradicional, o Chimarrão (RS) padece desse problema num histórico mais recente. Campeão da primeira edição, em 2005, não consegue se classificar aos mata-matas desde 2007. Mesmo assim, a equipe continua a ser respeitada, sendo a maior campeã gaúcha de futsal da história.
 
A edição de 2010 também foi pródiga em resultados distintos. Vejamos que, no Grupo A, o Barateiro/Brusque (SC) sofreu uma goleada na estreia por 6 a 1 da Nacional Gás. Se recuperou e conseguiu passar como quarto colocado. Já o Palmeiras, que teve resultados apertados em três dos seus quatro jogos antes da rodada final, venceu a UnoChapecó na casa do adversário. Sendo assim, apenas o alviverde e o Kindermann passaram sem derrotas na fase inicial - e o Palmeiras nem terminou como líder da sua chave.
 
A Liga Futsal segue uma estranha lógica própria: mesmo que você tenha jogado mal no dia anterior, você pode se recuperar contra uma equipe mais forte. Tudo a ver com a máxima do futebol ser uma caixinha de surpresas. Não só pela convocação para a Seleção, a Liga mexe com o cenário do futsal feminino nacional pela emoção que causa.
 
Como ressalta a técnica Andressa: "As pessoas precisam entender o que é uma Liga Futsal antes de criticar o nosso trabalho e os resultados. Tudo que passamos em Caçador serviu e muito - sabemos onde acertamos e onde erramos, e estamos trabalhando firme para ir bem tanto na Taça Brasil em outubro (a ser disputada em Criciúma) quanto na Liga de 2012".
 
Não é a toa que a Kurdana está realizando treinos em quadra por dois períodos todos os dias. Antes, havia esta quantidade, mas dividida entre treino com bola e treino físico. Como já é sabido, as guerreiras de Cotia jamais desistem. "Historicamente, toda nossa primeira experiência em competições nunca foi boa. Já estamos calejadas com isso. Se conseguimos tantos títulos para a cidade, foi graças à nossa persistência e ao forte trabalho de atletas e comissão", finalizou.
 
Contato:
(11) 8375 0391

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