Lucélia de Carvalho fala ao iG sobre a relação com o marido carateca Douglas Brose: "Ele chuta minha cabeça e eu não falo nada"
A brasileira mais vitoriosa da história dos Jogos Pan-Americanos é Lucélia de Carvalho. Com quatro ouros consecutivos, ela começou no caratê vestindo roupa de balé. Escondida da mãe, se infiltrou nas aulas do primo e não parou mais. Em entrevista ao iG, ela fala sobre sua intimidade. Conta como é a relação com o marido Douglas Brose, bronze no Pan de Guadalajara e campeão mundial de caratê em 2010, com quem vive desde 2007, apesar de só ter oficializado a relação em dezembro do ano passado.
a rotina de treinos juntos, ela conta, além das “porradas com técnica”, que o marido é mais enfezado quando recebe um golpe baixo, que segundo ela não são raros. Ela espera ter condições de buscar o penta em Toronto, em 2015, mas antes quer ser mãe e campeã mundial.
Confira a entrevista completa com a carateca tetracampeã pan-americana
iG: Como você começou no caratê?
Lucélia de Carvalho: A minha mãe me matriculou no balé e a minha tia colocou o meu primo no caratê. Era no mesmo lugar. Um dia a minha professora faltou e fui ver a aula dele. Aí achei que ele estava se divertindo muito mais do que eu. Como a minha mãe não deixaria nunca eu fazer caratê assim, eu comecei a ir de roupa de balé e fazer aula de caratê escondida por quatro meses, de roupa de balé. O professor deixava, achava graça. Um dia a minha mãe descobriu, claro. Diz que eu fiz greve de fome, fiz escândalo, chorei. Aí acabou aceitando, achou que era fogo de palha. Deu nisso.
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iG: A Lucélia no tatame é difícil de encarar. Como é a Lucélia em casa?
Lucélia de Carvalho: Olha, as pessoas me acham muito calma, a minha sogra diz que eu sou lerda (risos). Sou uma pessoa bem tranquila, centrada, vou atrás das minhas coisas, não sou de desistir do que quero, gosto muito do esporte, não só de ser atleta. Acho que sou uma pessoa comum, gosto muito de estar com a minha família. Não sou muito festeira, até porque o esporte não permite, enfim, gosto de viver um dia de cada vez.
iG: Na sua casa, como é a relação de dois lutadores? Quem manda?
Lucélia de Carvalho: Depende do que é, cada um manda um pouco (risos). Todo mundo acha que é briga o tempo todo, mas na verdade não. Essa parte do caratê que vocês assistem aqui é só uma parte, há outras que ensinam a ter paciência, disciplina, calma, então a gente é muito assim. Claro que rola desentendimento, como qualquer casal, mas a gente até evita discutir muito, espera baixar a poeira. Mas a gente já luta tanto que não vai brigar assim, isso não é saudável para nenhum relacionamento.
iG: Você disse que tem um cantinho oriental. É para meditar?
Lucélia de Carvalho: Na verdade é para enfeitar mesmo, acho bonito. Quando tenho de me concentrar, qualquer canto está legal.
iG: E quem é mais ciumento na relação?
Lucélia de Carvalho: Mulher é sempre mais ciumenta, não é? Mas sem barraco na rua. Roupa suja se lava em casa (risos).
iG: Você pensa em ter filhos?
Lucélia de Carvalho: A gente está planejando direitinho, mas acho que antes do próximo Pan já está aí. Vamos fazer um campeãozinho olímpico.
iG: Já caiu a ficha da importância desse tetracampeonato para o caratê e para você pessoalmente também, por ser um recorde?
Lucélia de Carvalho: Não sei se caiu a ficha do peso que isso tem, não tenho esse egoísmo de querer ser a única. Claro que todo atleta quer quebrar recordes, mas estou sempre achando que vão aparecer mais mulheres que também farão história. Talvez eu não saiba o peso para o país, mas sei da importância para o meu esporte.
iG: Dá para ter um sonho ainda depois de quatro ouros consecutivos?
Lucélia de Carvalho: No ano que vem tem campeonato mundial, eu já subi no pódio duas vezes, mas não no lugar mais alto. O Douglas já conseguiu fazer isso e pretendo quebrar a marca dele (risos).
iG: Como é a rotina de vocês? Treinam juntos?
Lucélia de Carvalho: Eu e Douglas fazemos dois treinos diários, parte física e outro no tatame. Há outros atletas que treinam com a gente, mas sempre que dá fazemos frente a frente. Eu acho ótimo treinar com ele, porque é mais rápido, mais forte. Para ele também é bom treinar comigo, tenho um pouco mais de paciência, experiência, mas tem de treinar com outros homens. A gente equilibra bem isso.
iG: E já teve golpe baixo? Isso fica na academia ou vai para casa?
Lucélia de Carvalho: Já, vários, vários. Ele fica mais irritado do que eu. Ele chuta a minha cabeça e eu não falo nada (risos). Se eu entrar mais forte, ele reclama. Mas fica na academia. Acabou o treino, passou. Dou porrada com técnica, ele também.
iG: Você acredita que disputará o penta em 2015?
Lucélia de Carvalho: Se eu puder representar o Brasil, se acreditar que tenho chance de medalha, eu vou tentar. Mas agora vivo um ano de cada vez.
iG: Você consegue viver apenas do caratê, que ainda não está no programa olímpico e com isso tem menos investimento?
Lucélia de Carvalho: Queria ser uma regra, mas sou uma exceção. Eu consegui me tornar profissional, vivo do caratê há 10, 12 anos. Quando parar, quero ter minha vida estabelecida. Sei que é difícil bater essa marca que consegui, mas espero que apareçam outras caratecas que consigam superar.
iG: O que mudou da Lucélia campeã em Winnipeg para a tetracampeã em Guadalajara?
Lucélia de Carvalho: Naquela época eu tinha 20 anos, com certeza o vigor físico era bem maior. Hoje eu tenho mais segurança, mais experiência, mas demoro mais a me recuperar.
Confira fotos de Douglas Brose em ação pelo caratê:
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